A HISTÓRIA DO HINDUÍSMO
O hinduísmo é a mais antiga de todas as maiores religiões do mundo.
Algumas tradições do hinduísmo remontam a mais de 3 mil anos. Ao
longo dos séculos, no entanto, seus seguidores — chamados
hinduístas — vêm aceitando muitas ideias novas e acrescentando-as
às antigas. Mais de 800 milhões de pessoas praticam o hinduísmo em
todo o mundo. A maioria delas vive na Índia, onde essa religião
começou. Crenças O hinduísmo não teve um fundador e não possui
uma organização central. Ninguém criou uma relação de crenças que
todos os hinduístas devam seguir. Mas todos os hinduístas respeitam
os Vedas, um conjunto antigo de textos sagrados. Os hinduístas
acreditam num poder espiritual chamado brāman. Brāman é a fonte de
toda existência e está presente em tudo e em todos os lugares. A alma
humana, chamada atman, faz parte do brāman universal. Em geral os
hinduístas acreditam que quando alguém morre a atman renasce em
outro corpo. Para eles, uma alma pode voltar muitas vezes na forma
humana, animal ou até vegetal. Essa ideia é conhecida como
reencarnação. O ciclo de renascimento continua até que se aceite que
a atman e o brāman são a mesma coisa. A maioria dos hinduístas acha
que libertar-se desse ciclo é o objetivo mais elevado da pessoa. Os
hinduístas devem agir de acordo com o princípio da ahimsa, que quer
dizer “não violência”. Isso significa que nunca se deve desejar causar
dano a alguém ou a alguma coisa. Eles acham que muitos animais são
sagrados, em especial a vaca. Os hinduístas piedosos são
vegetarianos. Os hinduístas adoram muitos deuses. O deus Vishnu é
considerado protetor e preservador da vida. O deus Shiva representa
as forças que a criam e também a destroem. A deusa suprema é
chamada mais comumente de Shakti. Como Shiva, ela pode ser
bondosa ou feroz, dependendo da sua forma. Os três principais ramos
do hinduísmo moderno distinguem-se pela devoção a Vishnu, Shiva e
Shakti. Brahma (não confundir com brāman) é considerado o criador
do universo. Nos tempos antigos ele era muito cultuado, mas
atualmente seus devotos são poucos. Práticas Numa forma de culto
chamada puja, os hinduístas rezam para que um deus entre num lar
ou num templo e então o tratam como um hóspede ilustre. Eles
cultuam uma imagem do deus e oferecem-lhe alimento, água e outras
coisas. O tantrismo é a busca do conhecimento espiritual e da
libertação do ciclo de renascimentos. Para alcançá-las, as pessoas
entoam sons sagrados e palavras chamadas mantras, e também
desenham símbolos chamados mandalas. As peregrinações, ou
viagens a locais sagrados, são comuns no hinduísmo desde os tempos
antigos. Muitos locais de peregrinação ficam ao longo do rio Ganges,
no norte da Índia, que os hinduístas consideram o rio mais sagrado.
História Por volta de 1500 a.C., um povo chamado ariano invadiu a
Índia, vindo de onde hoje fica o Irã. Os arianos escreveram os textos
mais antigos dos Vedas. Eles criaram uma religião, chamada vedismo,
que se centralizava no sacrifício de animais aos deuses. O vedismo foi
o ponto de partida do hinduísmo. Mas com o tempo a influência de
outros povos e ideias distanciou muito o hinduísmo do vedismo.
Assim, por exemplo, as pessoas começaram a desaprovar a matança
de animais para sacrifício. Num processo que começou no século II
a.C. e se completou no século IV d.C., os deuses mais antigos do
vedismo foram lentamente substituídos por outros, mais novos. Mas
alguns ritos do vedismo sobreviveram no moderno hinduísmo. No
século XI, os muçulmanos invadiram o norte da Índia e o islamismo
influenciou algumas novas escolas de hinduísmo. No final do século
XV, uma nova religião, o sikhismo, combinou elementos do hinduísmo
e do islamismo. No início do século XIX, a Grã-Bretanha começou a
fazer da Índia uma colônia inglesa. Como reação ao domínio
estrangeiro, o hinduísmo passou por um renascimento. A religião
ajudou a unir os indianos contra os ingleses. Mas durante esse
período alguns líderes hinduístas também começaram a criticar
elementos da religião tradicional. O reformador Ram Mohun Roy, por
exemplo, condenou a forma antiga de organização social chamada
sistema de castas. Nesse sistema, as pessoas eram discriminadas —
ou seja, tratadas de modo diferente — de acordo com a classe social
em que nasciam. Os reformistas usaram algumas ideias ocidentais
para modernizar o hinduísmo. O líder hinduísta mais famoso do século
XX foi Mahatma Gandhi. Ele levou para a política a ideia da ahimsa e
ajudou a tornar a Índia independente da Inglaterra usando apenas
métodos não violentos. As diferenças entre os hinduístas e os
muçulmanos aumentaram a partir de 1947, depois que a colônia
britânica da Índia dividiu-se em dois países independentes, a Índia e o
Paquistão. Milhões de hinduístas deixaram seu lar no Paquistão e
foram para a Índia, e milhões de muçulmanos abandonaram a Índia e
seguiram para o Paquistão. Muitos hinduístas e muçulmanos foram
mortos nas disputas e brigas que envolveram esse processo. Na Índia
e em outros lugares, a violência entre hinduístas e muçulmanos
continua no século XXI.