INCENSOS - FORÇA & MAGIA
Os incensos têm fascinado a humanidade através dos séculos e são muitas as
versões para o seu surgimento. Uma coisa, porém, é certa: eles se transformaram
em elemento essencial de muitas cerimônias e ritos, em praticamente todas as
religiões do planeta. Para a maioria das pessoas, incenso é toda mistura de
componentes aromáticos, incluindo resinas, gomas, madeiras, cascas, raízes,
flores e até minerais - desde que sejam utilizados como material básico para ser
queimado e liberar perfumes que dêem nova atmosfera aos ambientes (e esta
atmosfera pode ser meramente odorífica ou ter conotações espirituais). De acordo
com várias interpretações, os incensos são "misturas de componentes alquímicos
que possuem uma função básica: elevação espiritual do ambiente, servindo como
agente mediúnico das intenções humanas ao Astral". É a partir dessa definição
que, para a grande maioria das pessoas, surge uma "receita" básica para acender-
se um incenso: sempre se deve ter uma intenção, nem que seja o simples
relaxamento ou a melhoria do perfume do ambiente em que se está. "Sob o
aspecto espiritual, a fumaça que sobe significa a transmutação da matéria
(carvão) em espírito (aroma) e sua elevação a um plano superior. Daí a
importância de uma intenção ao ser aceso, pois a forma-pensamento por ela
criada é elevada ao Astral, e as conseqüências de um pensamento errado nesta
hora podem ser, no mínimo, desagradáveis. "As tradições religiosas revelam que a
utilização de aromas em cerimônias ritualísticas visavam criar um clima propício
para a manifestação de determinado estado de espírito. E é dessas mesmas
tradições que ainda hoje tiramos as pistas de quais perfumes utilizar para
alcançar um estágio de consciência em especial. "Diversos aromas, amplamente
divulgados e estudados na Aromaterapia, desempenham seu papel de coadjuvante
facilitando e veiculando a vontade do operador ao Astral." Daí a relação científica
entre incenso e alterações favoráveis no organismo das pessoas, o que em muito
contribui para a disseminação do uso dos incensos. A História mostra que o
princípio mágico-religioso do incenso marca algumas das crenças mais antigas do
Homem, especialmente a partir dos povos orientais, como os chineses, tibetanos,
indianos e, principalmente, os egípcios dos tempos das grandes dinastias de
faraós. "Ao queimarmos incensos estamos ativando o plano mental-intelectual,
em que se manifesta o poder dos elementais do ar, e intensificando o fluxo de
comunicação com o universo e com as pessoas." Por isso, a maioria dos
pesquisadores avisa: "o ritual de queimar incenso não deve ser corriqueiro,
principalmente quando envolve pedidos de dinheiro e proteção. Mas se desejar
usá-los com freqüência tenha o cuidado de escolher aqueles de características
calmantes ou espirituais." Alguns também recomendam que se observe a fase da
Lua e o horário planetário. As chamadas horas místicas são as mais indicadas
para acender-se um incenso. HISTÓRIA Os incensos são, talvez, tão antigos
quanto a cultura humana, mas tudo indica que os egípcios foram, possivelmente,
o povo que primeiro dominou a arte da manufatura e do uso de incensos. O mais
famoso incenso egípcio é o Kyphi (ou Khyphi), que era produzido dentro de um
templo e sob ritual altamente secreto. Era um composto de efeito muito benéfico,
e Plutarco o definia assim: "O incenso tem dezesseis (16) ingredientes, número
que constitui o quadrado de um quadrado e tais ingredientes são coisas que, à
noite, deliciam. Tem o poder de adormecer as pessoas, iluminar os sonhos e
relaxar as tensões diárias, trazendo a calma e quietude àqueles que o respiram."
Um dos seus ingredientes é o popular olíbano, árvore considerada sagrada, e
durante a poda ou a coleta da resina, os homens deviam se abster de contato
sexual ou com a morte. Plutarco forneceu a lista dos 16 ingredientes usados na
preparação desse incenso: mel, vinho, passas, junco doce, resina, mirra, olíbano,
séseli, cálamo, betume, labaça, thryon, as duas espécies de arcouthelds,
caramum e raiz de Íris. Já os hindus sempre foram apaixonados por aromas
agradáveis e a Índia, nos tempos antigos, sempre foi célebre por seus perfumes.
A importação de incenso da Arábia foi uma das primeiras, mas outros materiais
aromáticos também eram usados, como o benjoim, resinas, cânfora, sementes,
raízes, flores secas e madeiras aromáticas. O sândalo era um dos itens mais
populares da época. Esses materiais eram queimados em rituais públicos ou em
casa. Também no Velho testamento encontram-se várias referências ao uso de
incensos entre os judeus. Geralmente, os pesquisadores concordam que a queima
do incenso só foi introduzida no ritual judaico em torno do século VII a.C.. O
primeiro incenso judaico era composto de poucos ingredientes (estoraque, onicha,
gálbano e olíbano puro) e sua preparação era semelhante àquela usada pelos
sacerdotes egípcios. Na Grécia, o incenso começou a ser difundido no século VIII
a.C., vindo da Fenícia. Já no Budismo, disseminado por boa parte da Ásia, o
incenso começou a ser difundido por volta do século VII a.C.. Junto com os
perfumes, constituía uma das sete oferendas sensoriais, que formam um dos sete
estágios de adoração. Na Roma antiga, o incenso foi muito utilizado na Festa do
Pastor, junto com ramos de oliveira, louros e ervas, assim com da mirra e açafrão.
Também o Cristianismo incorporou o uso de incensos, mas os cristãos foram os
que mais demoraram a introduzí-los em seus ritos. Só após o século V, seu uso
foi aumentando lentamente. Por volta do século XIV, tornou-se parte da Missa
Solene e de outros serviços. No Islamismo, não há referência ao seu uso no
sentido religioso, mas a tradição nos mostra que o seu perfume pode ser usado
como uma referência aos mortos.